19 outubro 2005
.:Capítulo I:.

Bem vindos! Antes de começar quero dizer que ainda não fui para Campinas, sei que querem saber do Guilhereme, eu também quero, mas ficarei aqui em São Paulo por enquanto, meu pai autorizou a venda da casa que me deu, disse que a casa era minha eu não precisava pedir permissão, eu disse que foi presente e não queria me desfazer, ele respondeu que presente foi o que aproveitei e se vou mudar agora ela é passado. Por isso amo meu Pai, ele sempre sabe o que diz, mas nem sempre foi assim, em meus 14 anos quis ser dona do meu nariz e aí embaixo segue-se o que aconteceu... Ah! O texto tá um pouco longo, mas deixe de preguiça e leia nos próximos tentarei ser mais resumida rsssss
O motivo da fuga.

Eu nasci em Assis-SP, mas minha família se mudou para Minas Gerais, Frutal, quando eu tinha apenas cinco anos de idade, foi assim que nos tornamos amigos da família Pires.
O senhor Dantas, sua esposa Júlia e o único filho deles o Cristiano, que na época tinha oito anos. Crescemos juntos como se fossemos irmãos, ele sempre me protegia na escola e coisas desse tipo. Nas férias vínhamos para São Paulo, o irmão do senhor Dantas morava próximo ao centro da cidade e tinha uma casa no litoral, nossas famílias se davam muito bem, foi numa dessas viagens de fim de ano, depois da minha colação de grau quando eu concluí a oitava série e o Cristiano se preparava para a formatura do segundo grau que surgiu a idéia de eu vir morar com Sônia, tia de Cristiano, para terminar meus estudos aqui. Visitamos alguns colégios bem interessantes, Sônia dizia da importância de se estudar num bom colégio com curso profissionalizante e tudo mais, mas meu pai não gostou da idéia.

Ele sempre foi um homem sério e protecionista com relação às coisas que lhe diziam respeito, com relação a mim então; sua filha querida, a coisa era ainda mais séria. Mamãe não disse nada, ela sempre esperava uma resposta do papai primeiro, mas dava para perceber que ela havia gostado da idéia, pelo jeito isso seria motivo de longas conversas durante a semana já que voltaríamos para casa no dia seguinte e faltavam apenas quinze dias para retornar às aulas.
Voltamos e tudo parecia muito normal, até mamãe propor a conversa da transferência.
- O que você achou dessa idéia da nossa pequena ir terminar os estudos em São Paulo?
Papai olhou torto para minha mãe e isso não era boa coisa.
- Eu não gostei, ela vai ficar longe da gente e nós sabemos também que tipo de gente tem essas escolas em grandes centros, acho que ela deve terminar os estudos aqui perto da gente onde podemos acompanhar as coisas.
- Mas as escolas daqui não têm o recurso que as de lá tem, é uma oportunidade única para nossa filha e além do mais, ela estará com Sônia, você sabe o quanto ela gosta da Dannyele.
- Já disse, o lugar dela é aqui conosco, depois, ela pode muito bem tentar a faculdade aqui mesmo, não precisa ir pra São Paulo pra isso. E não se fala mais nisso!

Assim era meu pai, quando decidia algo ninguém mais podia questionar, mamãe até tentava interferir e de vez em quando conseguia fazê-lo mudar de idéia, mas isso era raro de acontecer. Uma semana passou rápido, estávamos todos arrumando as coisas para voltar à vida cotidiana, mas como eu disse, ainda faltava uma semana.
Eu e o Cris fomos até a cachoeira curtir o resto das férias, conversamos sobre a decisão que meu pai tomou e eu estava louca pra ir estudar lá e quem sabe tentar a faculdade lá mesmo, ainda não sei direito o quero fazer, mas terei três anos pra decidir, o Cris disse que ia tentar a Universidade de Minas, trabalharia com seu pai e quem sabe abriria um negócio em B.H, mas não iria para São Paulo, não gostava muito da correria louca de lá. Ele me incentivou a falar com meu pai já que eu queria tanto ir, ao que eu ri dizendo que ele não conhece o Sr. Jorge, mesmo assim prometi pensar nisso, afinal tinha apenas uma semana para convencê-lo a deixar que eu fosse. Ele é durão e muitas vezes orgulhoso, mas acima de tudo é um pai amoroso. Divertia-me muito com ele, sempre fazendo brincadeiras como se eu ainda tivesse apenas cinco anos, acho que todo pai é assim, não querem ver seus filhos crescerem e deixarem o lar.

Como havia prometido ao Cris, pensei muito e fui falar com meu pai, lá estava ele sentado na rede da varanda com seu jornal da manhã de domingo como fazia sempre, me aproximei como quem não quer nada, perguntando sobre os assuntos do dia e do jogo do cruzeiro; ele resmungou qualquer coisa mostrando pouco interesse em conversar, insisti; ele fechou o jornal meio insatisfeito e me olhou nos olhos como quem já soubesse o que eu ia dizer.
- Pode dizer. - falou com rispidez -É sobre aquela estória de ir morar em São Paulo?
- É sim.
- Então é melhor parar por aqui! Já disse o que acho.
- Mas e o que eu acho? Não conta?
Ele me olhou por um minuto em silêncio, deu um suspiro profundo e começou com o sermão.
- Você só tem quatorze anos, ainda é nova e não sabe o que te espera lá em São Paulo, eu te criei com muito carinho, dei tudo o que você quis e agora quer ir embora assim, só por causa de uma aventura à toa. Eu não vou deixar você ir e pronto! Vai estudar aqui e se formar na faculdade em Belo Horizonte.
- Pai, eu tenho idade sim pra escolher o que quero, o que acho que é melhor. Se você acha que é só uma aventura à toa, não posso fazer nada, é meu futuro que estamos discutindo aqui.
- Por isso mesmo. Não vou deixar você jogar seu futuro no lixo!
- A faculdade de B.H fica longe daqui, o senhor sabe o quanto o pessoal que estuda lá e mora aqui sofre com isso. Alguns alugam casa lá, sei que o senhor não deixaria eu morar com nenhuma amiga lá em B.H, numa república, então qual a diferença. Deixa de ser cabeça dura!
Ele se levantou da rede, me encarou com um ar de nervoso, aí percebi que disse algo errado, mas já era tarde já tinha dito, além do que era verdade e nada mais podia fazer.
- Sabe de uma coisa menina? Você é muito ingrata, não merece ser minha filha, após todo o trabalho que tive pra te criar você me diz uma coisa dessas...
- Pai, eu...
- Não sabe o quanto eu trabalhei pra te dar o que você tem, por isso não dá valor.
Nesse momento perdi a cabeça de tão nervosa com o que ele falou e soltei essa fúria de uma forma descontrolada e arrasadora.
- Quer saber de uma coisa, o senhor é que não merece ser meu pai! Se me deu tudo o que diz, foi porque quis, eu sempre fui obediente, sempre segui seus conselhos, nunca deixei de cumprir o que me pediu. Se existe alguém ingrato aqui este alguém é o senhor!
Gritei de forma histérica. Mal acabei de dizer isso e senti o peso de sua mão em meu rosto. Fiquei estática por alguns segundos, sem reação, senti um grande ódio naquele momento, ele olhava para mim e eu não ousei chorar na frente dele, não daria a ele esse gostinho de vitória. Passei correndo pela sala, fui direto para quarto e chorei como nunca tinha chorado, não tenho recordação de ter apanhado de meu pai antes, mas a dor maior era pelas palavras. Como ele podia ter dito que eu não merecia ser sua filha, que eu era ingrata? Como? Ele não podia ter feito isso, não era justo!


Do quarto conseguia ouvir a conversa dos meus pais, mamãe estava furiosa. Veio até o quarto ver como eu estava, disse que ele passou dos limites e que eu também não devia ter gritado com ele, mas que não podia me tratar como tratava os subordinados dele na polícia. Pediu para que eu o compreendesse, depois que se aposentou anda meio irritado com a falta de ação, que me amava muito só estava com medo de me perder. >>>

Não acaba aqui, mas o restante conto no próximo post, um beijo com muito Chantilly.

Blogado por Coisas De Mulher às 00:00