10 janeiro 2006
.:Como conheci Benites, por ele mesmo.:.

O Benites ligou, conseguiu um emprego para mim, com o mesmo advogado de outro tempo atrás quando nos conhecemos, ele comçou a falar sobre o assunto de como foi a maneira que nos conhecemos, num ato que diz corajoso, para mim pareceu mais estúpido afinal poderia ter dado errado, as consequências seriam dráticas. Pedi para ele mandar por e-mail, assim eu poderia colocar aqui e ele me manda um livro kkkk

A conheci num acontecimento no Iguatemi Shopping. Eu estava em dia de folga e resolvi comprar uma roupa na Loja de moda feminina Carmim, precisava escolher algo para dar de presente para uma amiga que faria aniversário na outra semana, mudei de idéia e fui para a loja de lingeries Miss Victória que ficava praticamente ao lado no piso térreo, ela havia comentado que precisava comprar umas peças íntimas novas e sedutoras, ela sempre dá umas dicas assim como quem não quer nada.
Estava eu falando com a vendedora e tentando explicar como minha amiga era, muito difícil escolher uma peça sem saber ao certo o tamanho, a atendente disse que eles não trocam peças intimas por questão de higiene, liguei para a melhor amiga dessa minha amiga e antes de perguntar qualquer coisa expliquei a situação e pedi para que guardasse segredo, mesmo assim ela ficou fazendo piadas, afinal um homem não dá lingerie para uma mulher se não for namorado ou marido dela, ou estiver com terceiras intenções, não tentei me esquivar das conclusões dela, de nada adiantaria, enfim a moça foi pegar o pedido.
- Todo mundo no chão anda!- gritou um homem que havia entrado correndo na loja, em uma das mãos a arma apontada para o segurança que estava no próximo à entrada da loja, mandou largar o rádio e empurrá-lo em sua direção, fez com que entrasse na loja, o que o outro obedeceu imediatamente. Eu já deitado, depois da surpresa já pensava em como me aproximar e imobilizar o sujeito antes que estrago maior fosse feito, mas ele como que lendo meus pensamentos, olhou em minha direção dando gargalhadas altas e debochadas.
- Benites! Ah Benites! Você por aqui meu caro! Foi difícil encontrá-lo, mas como prometi, aqui estou eu. Pensou que eu tinha esquecido? Levanta anda logo!
- Sabe o quanto esperei por isso meu chapa? Não, você nem imagina, todos aqueles dias naquele inferno.
- Ora Carlos! Você mereceu cada um deles, e. - Com uma coronhada ele me derrubou, enegrecendo minha visão por alguns minutos e me deixando um pouco tonto.
- Cala a boca filho da puta! Escuta aqui Benites, eu vou levar você comigo e você vai pagar por ter me colocado naquele lugar e ter matado meu irmão aquela noite. Você era novo, tinha acabado de entrar na polícia, sentia-se o novo herói não é mesmo? Dez anos benites! Dez anos no inferno!
Minha cabeça rodopiava, mal conseguia enxergar e ouvir o que ele dizia. Carlos Cruz chefe do tráfico de drogas de um dos Morros na periferia de São Paulo, ele estava no comando também de contrabando e roubo de cargas de materiais de informática, além de muitas outras coisas. Seu irmão mais novo Rui Cruz que era seu braço direito, morto por mim na troca de tiros com a polícia, eu fazia parte dessa força tarefa contra o tráfico. Na época eu era novato tinha apenas vinte e um anos, quando foi preso ele jurou vingar a morte de seu irmão. Agora estava ali para cumprir sua promessa.
Alguém havia chamado a polícia que já cercava o lugar e tentava negociar com ele a liberação do pessoal que estava na loja. O Shopping foi evacuado só havíamos nós lá na loja, policiais entraram e cercaram os corredores de saída, minha cabeça não funcionava direito ainda atordoada pela pancada, mas percebia a movimentação, as pessoas estavam deitadas no chão, apavoradas, alguns choravam, o segurança do shopping fez um movimento brusco e levou um disparo.
- Seu merda! Eu falei para ficar parado! Alguém vai lá ajudar ele!
Uma mulher se levantou e foi até o homem ferido ajudando-o a se sentar, o disparo aumentou ainda mais a movimentação do lado de fora, houve ameaça de invasão, o que fez com que ele desse mais um disparo para o alto de advertência.
- Se alguém tentar mais uma gracinha eu mato um aqui dentro entenderam?
- Se você veio me matar, porque não mata logo, libera essas pessoas que nada tem a ver com isso tudo.
- Vamos acaba logo com isso!
- Acha que sou trouxa Benites? Sempre bancando o herói. Eu te mato, libero o pessoal depois sou morto aqui dentro, você vai morrer sim, mas antes vai me ajudar a sair daqui ileso.
Não conseguia pensar em nada, a tensão aumentava enquanto o tempo passava, de repente sai alguém correndo de dentro de um dos provadores pegando ele desprevenido dá um chute em seu antebraço e com uma rasteira derruba o bandido, muitos correm em direção à porta tentando fugir a garota que acertou o bandido estava de posse da arma gritando para que ele não se movesse. Ela estava vestindo apenas lingerie, logo em seguida a polícia invadiu, o bandido foi levado, enquanto alguns companheiros da corporação faziam perguntas para algumas testemunhas que lá estavam os repórteres tiravam fotos de tudo inclusive da garota de lingerie, o pessoal do resgate socorria o segurança baleado cuidavam do ferimento em meu rosto, mais alguns pontos para minha coleção.
A moça que havia reagido contra o bandido estava tranqüila, havia entrado no provador e estava se vestindo, mas teria que acompanhar até a delegacia para prestar depoimento, assim como mais algumas pessoas que ficaram no local. Foi neste instante que nos conhecemos, ela foi ao mesmo tempo corajosa e estúpida, já que sua reação poderia ter piorado as coisas, mas tive que reconhecer que foi necessário, ela havia feito defesa pessoal e isso ajudou.
Conversamos muito e descobri que ela estava desempregada e tinha um mês para deixar a casa onde morava, tinha uma estória interessante e um nome no mínimo engraçado; Dannyele Chantilly. Tornamos-nos amigos depois de algumas semanas, consegui um emprego para ela com um amigo que era advogado, o salário era bom e o horário também, foi o jeito que achei de agradecer por ela ter salvado minha pele, apesar dela dizer estar salvando a própria pele, o que não deixa de ter sentido.

Blogado por Coisas De Mulher às 17:53