09 fevereiro 2006
.:Às vezes o universo conspira para uma situação.:.

O escritório mudou, não foi para muito longe, mas o lugar agora é bem melhor, tem ar condicionado até, agora só pego um ônibus para ir até lá.
Fiquei o fim de semana em casa mesmo, não saí, ainda estava pensando no que o Guilherme tinha dito, também nos momentos bons que tive com ele aqui, apesar de não ter me permitido levar algumas situações adiante, houve momentos de carinho, aqueles assim sem intenção, só pra passar o tempo, coisas mesmo de amigos como ficar adulando a cabeça até dar sono, mas deixemos de pensar nisso.
Aconteceu algo curioso na segunda-feira, eu saindo para trabalhar, percebo já no ponto que havia esquecido minha bolsa, consequentemente o dinheiro da passagem, voltei para casa, já um pouco irritada, afinal iria me atrasar e detesto atrasos, mas enfim, fui.


Ao voltar para o ponto de ônibus, dei da cara com a Flávia lá, fiquei sem graça, não sabia o que fazer, ensaiei um, olá tudo be, mas desisti e me limitei a falar um bom dia em meia voz. Ela me olhou e respondeu numa boa, ficamos em silêncio, eu olhei para ela duas vezes, estava tão nervosa com a presença dela, acredito que não era isso, mas prefiri pensar assim, na terceira vez que a olhei ela percebeu e de maneira séria e sem agredir se dirigiu a mim.

- Você quer me dizer algo?
Levei um susto, não soube disfarçar isso.
- Pode dizer, eu não mordo, apesar de me ver quase mordendo é só aparência. - riu logo em seguida de uma forma tão espontânea que eu também ri, não houve como ficar calada.

- Eu queria dizer que sinto muito por aquilo... Me desculpe, eu...

Nesse momento a gente não sabe o que dizer, sim porque as coisas que fazemos na hora parecer ser o máximo, não importa o quanto estamos sendo egoístas , nos sentimos as maiores, depois aquilo apodrece dentro da gente e fica um cheiro insuportável na cosciência, e ao vê-la ali no ponto, mais magra, um pouco abatida e apesar de estar bêbada naquela noite, eu me lembro bem de tê-la visto no dia seguinte muito mais corada e forte, pode ser que o estado dela não tivesse nada a ver com o que aconteceu, mas podia ser que sim, ela me olhou nos olhos, não soube se era raiva ou outra coisa que ela sentiu ao me ver tocando no assunto, ia continuar falando, mas o ônibus virou a esquina e estava parado no farol, ela ainda estava em silêncio, como alguém em estado de choque, ela chorava por dentro, levantou o rosto querendo impedir as lágrimas de cairem pela sua face. Tirei um lenço de papel da bolsa e entreguei a ela, que agora não mais escondia as lágrimas, meu celular tocou em seguida, atendi era o Dr. Gouveia, o farol abriu, o ônibus pôs-se em movimento eu dei sinal já pensando na desculpa pelo atraso ou em falar a verdade, para minha surpresa Dr. Gouveia disse que eu não precisava ir o escritória ficaria fechado, o telefone não estava instalado e sendo assim eu não teria muito trabalho, ele ficaria lá o dia todo organizando as coisas do jeito dele e se eu tivesse lá iria ficar dando pitacos, e ele também iria embora logo apos ás as onze. Fiz sinal ao motorista que eu não ia pegar e ele acelerou novamente.

- Você tem um tempo? -a pergunta veio de Flávia que ainda estava no ponto e me viu desistir do ônibus.

- Sim, me deram folga hoje.Quer um café?
Fomos ao café Aurora ali do lado, eu já devo ter dito que aodro Cafés. Conversamos muito, ela mais chorou do que falou no começo, disse que amava muito o Alan, que estavam juntos há dois anos e isso eu não sabia, que ela teve uma certa parcela de culpa já que por causa do cíumes e nervoso na hora do episódio, terminou com ele, depois na outra semana quando foi até a casa dele e o encontrou na minha, novamente agiu de maneira infantil, mas que também meu não tinha nada que ter feito aquilo, eu falei tudo o que sentia inclusive a vergonha que tinha do que havia feito, ela me disse que pediu para voltar com o Alan, mas ele disse que não sabia, que foi ela quem tinha terminado por causa dos cíumes, que ele estava inseguro. Ela por sua vez estava mal, não comia direito, estava sem ânimo, não sabia o que fazer, sintomas de depressão, nisso começou a chorar de novo, me pediu desculpas e saiu do café correndo. Paguei a conta e resolvi caminhar na manhã com o sol morno, pensar era só o que me restava...


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Blogado por Coisas De Mulher às 17:57